Burnout: O Guia Completo de Prevenção para Empresas Tecnológicas

Primeiro a pandemia, depois a normalização do trabalho remoto, e agora a ameaça de uma recessão e o receio de demissões em massa são razões que podem explicar o aumento de profissionais de IT que sofrem de burnout. Neste artigo, vamos tentar perceber porquê e o que pode fazer para evitar que isso suceda aos elementos da sua equipa técnica.

Mais do que nunca, os trabalhadores de IT reportam sentir-se exaustos, sobrecarregados e, de forma geral, desmotivados. Atravessamos um momento determinante, em que CTOs, líderes de equipas e empresas devem encarar este fenómeno com ações assertivas — não apenas para evitar quebras nos lucros, mas principalmente para melhorar a cultura da empresa e consequentemente a retenção de colaboradores.

Na realidade, de acordo com a plataforma de gestão de bem-estar mental Yerbo, quase 45% dos trabalhadores de IT que sofrem de burnout ponderam deixar os seus empregos em busca de mais equilíbrio entre vida pessoal e profissional, com 62% a relatar sentirem-se “esgotados”, sem motivação e menos desejosos de contribuir. Esta situação tem consequências: gera uma alta rotatividade de colaboradores e uma queda na perceção da cultura e reputação da empresa, cuja Employer Brand fica mais vulnerável. Por estas razões, é evidente que este problema não deve ser encarado de ânimo leve.

Assim, neste artigo vamos dar-lhe a conhecer o que é o burnout, porque acontece e como se manifesta, e ainda formas de o prevenir especialmente pensadas para os trabalhadores da área das tecnologias.


O que é Burnout?


Para quem se questiona, “burnout” é um estado de exaustão mental, emocional e física que frequentemente ocorre como resultado de um desequilíbrio entre trabalho e vida pessoal (ou descanso). Todos precisamos de tempo para “recarregar baterias”, como se costuma dizer, mas frequentemente somos arrastados pelas exigências diárias da vida, sejam elas obrigações familiares, problemas de saúde crónicos ou alguma outra fonte de stress. No local de trabalho, o burnout pode começar a manifestar-se quando os colaboradores assumem muitos projetos de uma vez, ou se comprometem com trabalhos altamente stressantes sem recursos adequados, ou trabalham longas horas e muitos dias sem folgas – e torna-se ainda mais provável uma sensação de burnout no trabalhador que se sente desvalorizado, subestimado, ignorado e desrespeitado. Em suma, a sensação de burnout é de cansaço profundo, falta de energia, sobrecarga e motivação cada vez menor.


Burnout nos Trabalhadores de Tecnologia: Quando Acontece?


Como já mencionámos, o burnout pode acontecer por várias razões, desde problemas pessoais de saúde ou familiares aliados às obrigações habituais do trabalho, até à falta de colaboradores na empresa – no entanto, geralmente é necessária uma combinação de diferentes fatores para que o mesmo de facto ocorra. Embora o equilíbrio entre o trabalho e a vida pessoal seja frequentemente apontado como principal causa de burnout, na realidade o fenómeno resulta de uma combinação de sintomas.

Na sua génese, o burnout acontece quando nos comprometemos demasiado – seja emocionalmente, mentalmente ou fisicamente – a corresponder a expectativas irrealistas sem dedicar tempo a cuidar de nós da maneira que precisamos. Trabalhar durante a hora do almoço para cumprir um prazo, por exemplo, embora não pareça um grande sacrifício no momento, após semanas ou até meses essas pequenas escolhas podem manifestar-se num cansaço profundo que pode até torná-lo indisposto fisicamente e/ou mentalmente. Outras causas de burnout incluem:


1. Não se sentir autónomo no trabalho


Os colaboradores que sentem que os seus pensamentos e perspetivas não são valorizados, ponderados ou incluídos na conversa podem sentir-se menos propensos a partilhar as suas ideias em reuniões. Além disso, os trabalhadores que se sentem demasiado controlados, sem liberdade para tomar a iniciativa ou resolver problemas de forma criativa, provavelmente sentir-se-ão menos motivados a manter o seu desempenho na sua capacidade máxima.


2. Ambiente e cultura de trabalho tóxicos


Interações positivas com chefes e colegas de trabalho podem estimular imenso a moral dos colaboradores, a cooperação em grupo e até mesmo a produtividade. Da mesma forma, os trabalhadores que se sentem constantemente em conflito têm maior probabilidade de se sentirem exaustos apenas por entrar no escritório.


3. Empresa não alinhada com valores fundamentais


É importante que uma empresa tenha valores fundamentais que suportem as suas operações. Se um colaborador sente que a sua empresa não tem uma “bússola moral” a guiar a sua ética nos bastidores do atendimento ao cliente ou fabrico de produtos, tratamento dos trabalhadores, pode acabar com uma menor taxa de retenção de pessoal devido ao aumento da frequência de burnout.


4. Compensação desadequada em relação ao esforço


É bom receber um “Bom trabalho!” do chefe por uma tarefa bem feita – mas promoções, aumentos, melhorias nas condições do escritório, ou pequenos presentes como um bom almoço pago pela empresa podem contribuir muito para conquistar a lealdade de um colaborador. Da mesma forma, se sentirem que dão o seu melhor à empresa e não recebem o devido reconhecimento, progressão na carreira ou remuneração, podem sentir-se subestimados, o que, como já vimos anteriormente, pode levar ao burnout.


5. A perceção da futilidade do trabalho


A maioria das pessoas passa muito do seu tempo a trabalhar; na realidade, pegando no exemplo de um colaborador nos EUA, um americano comum passa mais de 2.050 horas por ano a trabalhar. A diferença entre um trabalhador exausto e desmotivado e um ativo e cooperativo pode depender também de como ambos se sentem em relação ao trabalho em questão. Se os colaboradores estão presos em tarefas monótonas e não compreendem o significado do seu trabalho (daí a importância de ter uma cultura de trabalho e valores bem definidos e trabalhados!) podem sentir que o seu potencial está a ser desperdiçado. 


6. Trabalhar demasiado


Como é óbvio, quanto mais horas um colaborador trabalhar, mais descanso precisará para não entrar em burnout. Assumir mais horas de trabalho, como chegar cedo, saltar refeições ou coffee breaks, e ficar até tarde são métodos insustentáveis que muitas vezes levam ao burnout.


7. Assumir trabalho emocionalmente exigente


Embora o dia normal de um profissional de IT possa não exigir a aplicação de manobras de reanimação para salvar alguém de um ataque cardíaco, não significa que o seu dia esteja livre de stress. Aqueles problemas inesperados que surgem nos fins de semana após o lançamento de uma nova feature à sexta-feira? Podem definitivamente arruinar um almoço de família e, se muito frequentes, tornarem-se num risco à saúde mental dos colaboradores.


Quais são os Sintomas do Burnout?


De um modo geral, os sintomas de burnout podem ser caracterizados por um cansaço profundo, em que os indivíduos se sentem apáticos e desmotivados. Outros sinais reveladores de burnout incluem:

  • Ansiedade relacionada com a incapacidade de se desligar do trabalho ou de precisar de demonstrar o seu valor a todo o momento;
  • Depressão;
  • Redução da produtividade ou participação na equipa;
  • Falta de concentração ou baixo rendimento;
  • Redução da criatividade e capacidade de resolução de problemas;
  • Sinais de sofrimento emocional ou necessidades físicas não satisfeitas, como sono, dores, febre…
  • Cinismo.


As 5 Principais Ações que as Equipas de Gestão Devem Adotar para Prevenir o Burnout


O burnout deriva geralmente de uma combinação de fatores e não há um cronograma para o momento específico em que um colaborador atinge o “ponto de rutura”. Com tanto a acontecer na vida pessoal, incluindo problemas de saúde, de relacionamentos e financeiros, mesmo num ambiente de trabalho saudável, um trabalhador pode sentir-se em baixo e a precisar de renovar energias.

Apesar das funções de um manager não incluirem preocupar-se com a vida pessoal dos seus colaboradores, há medidas que se podem adotar dentro da esfera profissional para garantir que os mesmos vão trabalhar com um maior sentido de satisfação, propósito, criatividade e motivação.


1. Converse com os seus colaboradores e esteja recetivo ao feedback


Pode ficar surpreendido ao saber que frequentemente os seus colaboradores só querem sentir-se ouvidos. Uma simples ação, como incluir ativamente os profissionais da sua equipa técnica na tomada de decisões, pode ajudá-los a sentir que são importantes; ver a nossa opinião ser levada em consideração sabe bem! Verificar se está tudo bem com trabalhadores que têm estado incaracteristicamente silenciosos – mesmo que de formas virtual – pode ser uma maneira eficaz de mostrar que se importa e valoriza a sua perspetiva e opinião. Dê o seu melhor para proporcionar um ambiente onde todas as ideias – mesmo as mais criativas e “fora da caixa” – sejam bem-vindas, partilhadas e consideradas.


2. Encontre formas de recompensar a sua equipa


Atualize a cafeteira da copa para uma máquina de café expresso! Organize um team building! Ofereça bónus no final de cada trimestre em que os resultados foram positivos! Enriqueça a próxima reunião de comida e bebidas!

Um empregador tem à sua disposição uma imensidão de formas criativas de estimular a sua equipa – mesmo que seja com algo tão simples como levar donuts para o escritório todas as semanas, ou bolo de aniversário para cada celebração que ocorra.


3. Ofereça a possibilidade de adaptar o horário de trabalho às necessidades de cada colaborador


Cada trabalhador tem as suas necessidades e obrigações — desde preocupações parentais até consultas de saúde, cuidados com idosos, e muito mais – e por vezes o clássico horário das 9 às 5 não é a melhor solução, mesmo para o profissional exemplar! Um empregador obterá a apreciação e lealdade dos seus colaboradores quando se adequa à situação específica de cada pessoa – oferecendo a possibilidade de trabalhar mais cedo, mais tarde e de forma remota.


4. Lembre os colaboradores para fazer pausas e tirar dias de folga


A necessidade de ser produtivo o dia todo, todos os dias, sem poder fazer pausas ou tirar dias de folga sem se sentir culpado é um dos primeiros sintomas de burnout. Desta forma, lembrar os seus colaboradores que folgas e férias são essenciais para um bom desempenho é essencial.


5. Forneça as ferramentas de que necessitam para serem bem-sucedidos


Não se pode pedir a um colaborador que faça uma aplicação rápida e fácil de utilizar quando o material que lhe põe à disposição é um computador velho e uma internet lenta. De facto, oferecer aos seus trabalhadores ferramentas, equipamentos e tecnologia atualizados e de qualidade pode inspirar mais eficiência e criatividade do que qualquer discurso ou ação motivacional!


Burnout: Guia Completo de Prevenção para Empresas Tecnológicas – Considerações Finais


Para si, que trabalha com profissionais de IT, o caminho a seguir para prevenir o burnout e aumentar a retenção é claro: proporcionar um equilíbrio entre vida profissional e pessoal. Seja por meio de gestos simples, como conversas, promoções, organização de team buildings ou investir no bem-estar emocional da sua equipa técnica, estas ações vão tornar-se cada vez mais importante, especialmente num mundo pós-pandemia.

O burnout no local de trabalho – especialmente na área da tecnologia – pode ser uma grande ameaça se não assumirmos medidas ativas para o combater. Esperamos que este guia o ajude a tomar ações para o conseguir prevenir.

E se precisa de ajuda extra para cuidar da sua equipa técnica, a KWAN é uma empresa de outsourcing com experiência em coaching e mentoria de profissionais de tecnologia. Fale connosco e juntos vamos analisar as necessidades da sua equipa técnica!