Como aprendi a programar sozinho

Tudo começou quando encontrei o recibo de vencimento de um developer experiente. Estava em cima de uma cómoda e o valor chamou-me a atenção. Foi quanto bastou para decidir aprender programação.

[Nota do editor: este artigo foi originalmente publicado em Fevereiro de 2020 e revisto de forma a melhorar a compreensão e a pertinência do mesmo].

Não é a motivação que defendo, mas é a minha história. Então, agora que conquistei a minha carreira de informática, vou partilhar contigo 3 chaves para te tornares um autodidata, e aprenderes a programar sozinho.

1. Desafiar a educação tradicional

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A generalização da educação tradicional pode ser limitadora. Quando temos algo novo para aprender, sentimo-nos mais confortáveis em procurar um curso pago, de longa ou curta duração, em vez de recorrer à informação gratuita que podemos adquirir através da internet. Em alguns casos, a credibilidade da formação é essencial. Para exercer medicina, por exemplo, só o podemos fazer com um diploma. Mas mesmo quem frequenta um curso de medicina ou engenharia informática não garante a formação necessária para toda a carreira. Para áreas em constante mutação como a engenharia, é sempre necessária uma aprendizagem constante para estar a par dos avanços tecnológicos. A diferença é a necessidade de oficialização dessa formação. E no caso da programação, a flexibilidade é sem dúvida maior. Então porque nos limitamos pela educação tradicional?

2. Procurar a felicidade

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Quando penso neste assunto surgem-me várias questões. A primeira vai contra a minha própria experiência: trata-se de apostar numa área de formação apenas com base no retorno financeiro. Já todos ouvimos: “Epá, eu vou aprender “x” porque ouvi dizer que aquilo agora é que está a dar dinheiro.” O grande problema desta motivação é o desinteresse na matéria que acaba por impedir ou atrasar o avanço da formação. O interesse no retorno financeiro é muito comum, mas em último caso pode ser um obstáculo à realização profissional e pessoal.




Outra motivação que identifico com frequência é ter o exemplo de um amigo, familiar mais velho ou mesmo um superior hierárquico que nos traça um determinado percurso educacional que pode não corresponder à nossa vocação.
Qualquer que seja a razão para a escolha de um caminho profissional, há um valor que insistimos em colocar em segundo plano, ou mesmo ignorar por completo: a felicidade.




O problema é que a felicidade é de extrema importância para o sucesso de qualquer aprendizagem. Eu sei que não nos é incutida a lógica de que “a felicidade vem primeiro, o dinheiro vem depois”. Mas, verdade seja dita, como é que nos podemos motivar para aprender seja o que for se a matéria em causa não nos diz nada em concreto e só temos o seu rendimento monetário como objectivo?
São raras as vezes em que, antes de avançarmos com o quer que seja, nos colocamos questões do género: “Caso eu pudesse, eu faria esta profissão de graça?” Se a resposta for positiva, acho que encontrámos a nossa vocação.




Sim, eu acredito que seja possível aprender algo por nós próprios mesmo estando desmotivados para tal, mas a dimensão do esforço para alcançar esse objetivo será, sem dúvida, muito maior e o processo um pouco doloroso. Tirar prazer e satisfação daquilo que se está a aprender é, para mim, a chave para o sucesso de qualquer autodidata. Só assim é que conseguimos ter fome de conhecimento e força de vontade para procurar fontes e métodos que saciam essa mesma “fome”. Foi assim que eu me consegui tornar developer.

3. Cultivar a autoconfiança

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“Eu não consigo.” “Isto não é para mim.” “Já não vou a tempo.” Três frases extremamente destrutivas que se ouvem demasiadas vezes de quem na realidade tem sede de conhecimento e de felicidade. Quando ouço estas frases, são como facadas no coração. Desde aprender programação, uma nova língua, música, etc, são diversas as áreas que podem ser dominadas por nós, autonomamente, através de informação grátis que se pode adquirir no conforto das nossas casas. Mas claro, isto caso a nossa autoconfiança fosse alta o suficiente para acompanhar essa vontade e nos catapultar para a toma do primeiro passo que é sempre tão importante e decisivo.




Nos dias de hoje, eu acredito a 100% nas minhas capacidades. Qualquer momento de incerteza que me possa ocorrer e abalar a minha confiança, é automaticamente apagado da mente no momento em que relembro a mim próprio que, se os outros conseguem, eu também conseguirei. E é através deste espírito de auto valorização que eu, até ao dia de hoje, consegui ter sucesso como programador autodidata, sempre abastecido com motivação, ultrapassando obstáculos e alcançando as minhas metas como se de qualquer outra forma de ensino se tratasse.

A minha experiência como developer autodidata

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Depois de encontrar o recibo de vencimento do meu colega, a decisão estava tomada, contra a minha actual ideologia de sucesso enquanto autodidata, apenas com a motivação financeira. Mas acabou por ser um caso de sorte.
Pensei para mim: “Eu até gosto de matemática, pode ser que o consiga fazer com êxito”. Comecei por procurar cursos pagos na qual eu pudesse estar fisicamente presente na sala de aula, interagir com o tutor de uma forma mais rápida e eficaz e logo receber algum tipo de parecer no que diz respeito à minha evolução como novo aprendiz, tudo isto para acelerar o processo de aprendizagem, candidatar-me a uma vaga de programador e começar a receber aquelas quantias exorbitantes de dinheiro que naquela altura eram a única coisa em que eu conseguia pensar.




Após me inscrever num curso pago onde eu podia aprender o básico da programação, comecei a aprofundar o meu conhecimento nesta área e eis que algo não antecipado por mim acontece: quanto mais eu aprendia programação, mais interessante eu a achava. Sem nunca ter tido essa intenção, eu começo a olhar para a programação como algo fascinante, algo que desafiava o meu intelectual de uma forma prazerosa. Felicidade.




Deparo-me a querer saber sempre mais do que aquilo que era abordado nas aulas e, por meios próprios, parto eu à procura de mais informação na internet e mais importante ainda, de forma voluntária, coisa que nunca acontecera até então. A absorção de novos conhecimentos era feita quase em efeito de cascata, conhecimento atrás de conhecimento, informação atrás de informação e, o mais engraçado de tudo isto é que eu conseguia acompanhar o ritmo. Vocação.




Foi então que decidi que não valia a pena continuar a pagar mensalidades por cursos onde aprenderia coisas que eu próprio me poderia ensinar através de informação grátis na internet. Primeiro aprendi HTLM e CSS através de vídeos no Youtube e depois no Pluralsight. Mais tarde aprendi JS e no meu primeiro emprego aprendi Java e um pouco de C#. Já a trabalhar também fiz cursos no Udemy. Com muita motivação e sem desistir às primeiras dificuldades, fui aperfeiçoando o meu conhecimento e a minha técnica até conseguir vingar na área.

Mas vídeos não são o único meio pelo qual podes aprender a programar autonomamente… Nesse sentido recomendo que leias o artigo Como Aprender a Programar sem Tirar um Curso Superior.




Hoje em dia, sou um developer experiente, e desde que comecei a programar em 2014/2015, estive envolvido em diversos projectos, consegui ajudar inúmeras empresas, isto sem nunca possuir um único curso universitário. Tudo porque eu consegui identificar aquilo que me dá gosto fazer e cheio de motivação e autoconfiança consegui alcançar o meu objectivo.

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E se eu consegui, acredito que tu também consegues! Boa sorte nessa reconversão de carreira e fica atento às oportunidades que a KWAN vai publicando mesmo para profissionais sem experiência ou formação na área tecnológica.