Entrevista Rui Caldeira

Por muito que falemos sobre experiência e cultura, não há nada como ouvir as pessoas que trabalham connosco. Por isso, queremos partilhar essas mesmas experiências no nosso blog! Hoje temos connosco o Rui, developer na Coriant em regime staffing

Olá Rui! Comecemos pelo mais fácil! Quem és e o que fazes?

Eu chamo-me Rui Pedro Caldeira, tenho 25 anos, estudei Engenharia Informática na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa e neste momento trabalho para a Coriant em regime de Staffing.

Nos tempos livres gosto de ver filmes e séries, muitas delas relacionadas com o universo da Marvel, gosto de ver programas sobre a atualidade como o “Eixo do Mal” e o “Governo Sombra”; gosto de “tentar” pôr-me em forma indo ao ginásio; gosto também de fazer postcrossing (é uma comunidade de troca de postais); de fazer administração de sistemas amadores em casa, só para aprender a mexer com novas tecnologias e gosto muito de passar tempo com os meus amigos e namorada.

Desde muito novo que fui “talhado” para informática. A primeira vez que mexi num computador (lembro-me como se fosse ontem) estava a visitar um amigo do meu pai no seu novo emprego na Salvador Caetano (daqueles com direito a gabinete e tudo). Enquanto os adultos se entretinham, fui à descoberta e acabei no paint a desenhar retângulos (o que para mim era do caraças). Eles só deram por mim quando a impressora (juro por tudo que não sabia que aquilo ia acontecer) começou a imprimir 1000 cópias daqueles simples retângulos.

Mais tarde, quando tinha 6 anos, o meu tio deu-me o seu antigo (e o meu primeiro) computador (uma bomba de um 386 hum?? Não é para todos! risos ). Verdade que naquela altura jogava mais que outra coisa, mas foi o suficiente para me despertar o interesse e olhar por baixo do capô dos computadores, enquanto a maioria ainda andava a olhar para debaixo dos capôs dos carros.

Ao longo do tempo comecei a ficar bastante proativo a resolver não só os meus problemas mas como os problemas dos meus amigos! Isto, juntamente com o facto de ser uma via com grande potencial, indicou que seria uma área onde podia apostar.

Onde já trabalhaste?

Se considerarmos as coisas pequenas, já fui administrador de sistemas oficioso na rede de alunos da minha escola secundária, onde ajudava a preparar o parque informático das salas de aulas para o novo ano letivo.

Mais tarde fui redator de notícias e reviewer de aplicações para computador no site wintech . Foi uma altura interessante, vi que era capaz de chegar às pessoas, que elas gostavam daquilo que fazia e contavam comigo para ter a “sua dose diária de informação”. Para além disso cheguei a receber software gratuito diretamente das empresas (tipo Microsoft) para ser avaliado.

Pouco depois tornei-me administrador de sistemas num centro de explicações de um amigo meu onde recuperava computadores mais antigos com software Linux e montei um servidor com um sistema de marcação de explicações, bem como, ferramentas educacionais (Moodle), com as quais eles podiam ajudar as crianças no processo de aprendizagem.

Recentemente fui investigador na Faculdade de Ciências na área de SETR (Sistemas Embebidos e de Tempo-Real) onde pude participar em dois projetos (um europeu, que vou explicar mais à frente, e outro nacional) relacionados com a possibilidade de utilizar redes sem fios (que são sujeitas a interferências) para servir de meio de comunicação a sistemas críticos (que não podem falhar) no espaço.

O KARYON , foi um projeto muito interessante sobre coordenação entre veículos tanto terrestres como aéreos . Rápidamente, num cenário de condução autónoma, este projeto garantia que os veículos falassem uns com os outros e, por via disso, conseguissem coordenar-se para otimizar o espaço usado durante o percurso.

A minha presença no projeto consistia em stressar – ou causar interferências – na tecnologia de comunicação sem-fios usada de forma a avaliar o quão robusta era essa tecnologia perante cenários de falhas acidentais de rede e, de que forma essas falhas poderiam causar perigos graves à condução autonoma. A melhor maneira de avaliar isso era corrompendo ondas eletromagnéticas (não clubes da segunda liga ba dum tss) antes de elas chegarem ao seu destino. O maior obstaculo foi (devido à rapidez das comunicações sem-fios) afinar o equipamento de injecção de faltas para ser ao mesmo tempo rápido e corrompesse apenas as ondas certas.

Mas, focando-me no mundo real, a KWAN foram absolutamente os pioneiros nessa categoria! Mal sabia eu naquele dia em que me sentei no laboratório, que ia receber uma mensagem no LinkedIn do Mauritti e que hoje estaria a trabalhar na Coriant, foi uma surpresa, que hoje posso dizer, agradavél.

Qual o projeto em que mais gostaste de trabalhar? Porquê?

Apesar de ter gostado imenso do tema tratado na minha investigação e do avanço científico que adveio da mesma, a sua aplicação prática é de médio a longo prazo. Mas se tivesse que por um à frente dos outros, teria que ser a administração de sistemas. Não sei porquê, talvez por ter sido das primeiras coisas que fiz, mas administração de sistemas é o meu guilty pleasure dentro do mundo da informática, tem o bónus de não estar sentado o dia todo, pois andamos sempre de um lado para o outro a resolver problemas (o pior é que hoje em dia cada vez mais, graças à Amazon Cloud e assim, até a administração de sistemas já não implica ir ao datacenter ver o que está a correr mal).

Qual a experiência mais divertida que já tiveste no mercado de trabalho?

Um dia apareceu na Coriant, uma especialista em fitness que nos veio alertar para os perigos de estar sentado o dia todo. Pouco depois estávamos a fazer exercícios para aliviar a tensão na coluna e parecíamos um bando de desengonçados. Eu nem vou tentar descrever o quão desengonçados eramos, mas é algo tipo Mr. Bean a fazer ioga.
Real live footage

Onde estás a trabalhar agora?

Trabalho para a Coriant em regime de Staffing. Já ouviram falar de cabos de fibra ótica que atravessam o oceano atlântico? Yeah, we do that.

A Coriant tem projetos nas mais diferentes áreas, desde fazer equipamentos de rede de grande escala (aqueles que as operadoras usam), a fazer os programas que gerem esses equipamentos. Alicerçada na antiga Nokia Siemens Networks e juntamente com a aquisição da americana Tellabs, faz com que seja um dos major players do seu ramo. Primando pela inovação, a Coriant cria soluções que sejam ideais para os seus clientes de forma a terem a melhor rede para as suas necessidades.

Estamos agora também no mundo do SDN fazendo parte do consórcio OpenDaylight de forma a construir o melhor sistema SDN já visto.

Eu trabalho no projeto TNMS onde programo diferentes componentes do mesmo. O TNMS serve para configurar e gerir os equipamentos de rede e formar caminhos entre eles (e não só). No fundo, se nós fizermos asneira, alguém fica sem net!

Quais os obstáculos que enfrentaste até agora?

Todas as pessoas ganham hábitos na sua vida, alguns não tão bons que conseguem ser acautelados com ferramentas de qualidade de código. Eu vim da faculdade com alguns hábitos not so good e estou a tentar, com o auxílio dessas ferramentas, melhorar as minhas práticas de programação.

Como é a vida na Coriant?

É uma espécie de sonho concretizado, sabes? Morando na Damaia desde que nasci, sabia muito bem que existia o pólo da Siemens em Alfragide mas dai a saber o que se lá fazia, ainda ia uma grande distância! Sempre pensei que fosse algo como o cérebro do Professor Xavier e afinal é um sitio normal cheio de boa gente!

Mas Manuel, não te vou mentir, a vida na Coriant é muito desafiante tanto a nível tecnológico como a nível das outras competências que não aprendes necessariamente na Universidade, as ditas Soft-Skills. Quando vens fresquinho do mundo académico como eu vim estás habituado a um mindset completamente diferente e quando ali chegas levas com um reality check manhoso em que de repente pensas “A young Padawan, you are still”. De repente aprendes sobre interligação de componentes, injecção de dependências e muitas mais coisas que, pelo menos para mim, eram chinês.

E teria sido muito difícil se nao tivesse “caído” numa equipa impecável cheia de boa gente, sempre pronta a ajudar-me em tudo o que preciso para todos avançarmos em equipa e produzir bom código. Não considero que me esteja a safar mal mas ainda há onde melhorar.

Se pudesses ser um programa, qual serias?

Houveram muitos programas que me marcaram ao longo do tempo, por isso, vou fazer um apanhado rápido de alguns.

Por exemplo, tinhas o solitário que irá ficar para sempre na memória de muita gente pois eram dos poucos jogos que já vinham com o Windows (juntamente com as copas e as minas). Apesar de ser apenas um jogo de cartas, era muito viciante (especialmente na sua variante de buscar 3 cartas de cada vez)!

O Internet Explorer, foi com ele que muitos se iniciavam no mundo da WWW e era incrível o conjunto de informação que podias aceder usando aquele pequeno programa.

O PAC-MAN é um clássico dos jogos intemporal! Um circulo amarelo percorrendo mapas comendo gomas e a fugir de fantasmas. Um jogo que a geração de 90 nunca irá esquecer.

O mIRC. Uma das primeiras formas de comunicação instantânea no mundo! Na altura dos modems de 54kbps lá íamos nós para o mIRC ligados aos servidores da PTNet prontos para descobrir o que se passava com os nossos amigos virtuais. Participávamos em várias salas (tipicamente agrupadas por temas) e ficávamos horas e horas à conversa, até depois chegar a conta do netc a casa e levarmos um raspanete à antiga por viciármos demasiado no PC.

O Spotify marcou a revolução da música em todo o mundo, simplesmente por ouvirmos uns anúncios podíamos ouvir um enorme catálogo de musica, criar as nossas listas e ouvir em qualquer lado. Muitas empresas começaram a ter os seus empregados de phones postos para ouvir a imensidão de música que há para descobrir.

A Steam é a referência para a distribuição e comunidade de gaming neste momento. Juntar a compra de jogos a preços inferiores aos das lojas e inclusive com variadas promoções (diárias até) tornou-se muito mais facil comprar e comunicar dentro dos jogos, tornando os mesmos mais imersivos e divertidos. Criei uma conta para jogar o Counter-Strike 1.6 e hoje já vale mais de 510€!

Mas se eu pudesse ser um programa eu gostava de ser o Skype! Para mim, o Skype foi o primeiro na revolução da comunicação mundial. De repente todos estavam a comunicar com imagem e de forma gratuita pela internet! Famílias inteiras outrora separadas por quilómetros podiam agora matar as saudades à frente de um computador! Eu lembro-me até de ser motivo de propaganda de alguns programas deste género uma avó extremamente emocionada por conseguir ver num monitor os seus netos. Esta sempre foi uma cena que me marcou porque ficava sempre a pensar: “– Para isto sim, vale a pena ter internet!“.

Top! Gostámos muito de te ouvir. Um bem-haja Rui!