“Precisas de talento e paixão para ser um bom programador.”
É como se as pessoas que decidiram programar hoje em dia já o decidiram há muito tempo atrás “quando for crescido foi ser programador”. Se te falta talento ou paixão, ou és um “falso” ou não irás longe, independentemente, programar nunca será a tua praia.
Estes estereótipos não só estão completamente errados como são extremamente nocivos – algo que muitos programadores de sucesso defendem.
Jacob Kaplan-Moss (criador Django)
Nesta apresentação, Jacob Kaplan-Moss afirma:
“O mito do “programador génio” é extremamente perigoso. De uma perspectiva, eleva a barreira de entrada a niveís absurdos, algo que assusta muitos futuros possíveis programadores. Já noutra perspectiva, é algo que assombra os atuais programadores pois significa que se não são os melhores, “não prestam”. Como resultado, os programadores têm de usar todo o tempo que têm a aprender mais sobre programação e como consequência, dá-se um impacto negativo enorme na qualidade de vida. Precisamos de livrar-nos deste tipo de atitude. Programação é apenas um conjunto de habilidades que podem ser aprendidas. Não requer assim tanto talento e não há vergonha nenhuma em ser um programador medíocre.”
No seu Twitter , Kaplan descreve-se como “not a real programmer” para mostrar que está farto deste género de equívocos.
Jacob Thornton (criador Bootstrap)
Jacob Thornton foi um programador no Twitter e agora é no Medium, para além disto, é o criador do Bootstrap, que já conquistou mais de 80,000 estrelas no Github.
A sua resposta nesta entrevista representa outro contra-argumento a este mito.
Quando ele diz que “odeia computadores”, não está a “gozar”.
“Eu ia estudar sociologia na New School.”
Jacob procede a relatar o seu primeiro emprego:
“Estava cansado de um trabalho que não estava remotamente habilitado para fazer. Todos os dias, podia ter sido despedido. Trabalhei arduamente, tentei aprender mais Javascript avançado só porque não sabia o que se passava à minha volta.”
*”O momento mais “real” da minha vida foi quando uma equipa inteira de uma startup me requisitou um pedido XHR. Nunca o tinha feito e apenas tinha uma ideia do que era. Comecei a escrever, dei refresh *no browser e nada aconteceu. Fi-lo mais umas vezes. Um sentimento de pânico apoderou-se de mim. Eles iam aperceber-se da fraude que eu era. Depois apercebi-me que tinha me esquecido de adicionar ‘.send()’* – Fiz isso, dei refresh mais uma vez e a página apareceu. A equipa deu-me um simples “fixe” e voltaram todos para os seus postos de trabalho.
“Estive ali sentado, a pensar. É isto, consegui. Não vou ser despedido.”
Esta história não soa nada a como um “programador génio” se comportaria num cenário profissional.
Afinal, de onde veio a motivação de continuar a seguir este caminho? Jacob respondeu:
“Sou muito motivado pela componente social e os meus amigos developers de front-end avisam-me sempre dos “cantos a limar e os parafusos a enroscar”. É fantástico. Na realidade, apenas quero programar e trabalhar com os meus amigos.”
No seu Twitter , Jacob descreve-se como um “computer loser”. O seu post com mais upvotes no Twitter é um post em que ele se descreve como o pior engenheiro na sua empresa, mas o terceiro mais cool. Esta atitude é o completo oposto do que seria esperado do típico programador.
Rasmus Lerdorf (Criador PHP)
As afirmações de Rasmus Lerdorf são conhecidas por gerar controvérsia:
“Na realidade, odeio programar. Mas adoro resolver problemas.”
“Existem pessoas que gostam de programar. Não percebo porquê.”
“Não sou um programador verdadeiro. Junto coisas até aquilo funcionar e depois sigo para o próximo desafio. Programadores verdadeiros diriam “sim, isto funciona mas tem um problema de memory leak. Se calhar devíamos arranjar isso”. Eu apenas reininciaria o Apache a cada 10 requests.”
Pelas suas palavras, é dificil ver o nível de paixão por computadores. Tal como Jacob Kaplan-Moss e Jacob Thornton, Rasmus não sente a necessidade de clarificar os mitos existentes. Chegaria a apelidar-se de um programador “wannabe”.
David Heinemeier Hansson (Criador Rails)
Quando foi entrevistado pela Big Think, DHH afirmou:
“Tem piada, quando queria programar em PHP ou Java, estava sempre há procura de algo mais. Há procura de outra linguagem de programação, outra… outra coisa. Parte de mim apenas queria distrair-se do aborrecimento que era a linguagem com que atualmente trabalhava. Estava completamente convencido que não ia ser um programador quando estava a trabalhar com PHP e Java.”
Uma introdução que não tem nada a ver com o que seria a intro de um “génio computacional”. No final, DHH apaixonou-se por Ruby, pela elegância da linguagem. Se Ruby não tivesse sido inventada, o DHH podia estar a fazer algo completamente diferente com a sua vida.
Com base no que já foi escrito, podemos afirmar que existem inúmeros artigos na internet que rejectam o mito do programador estereótipo. Eis algumas das melhores piadas do mundo da programação:
- O mau software de um, é o trabalho full time de outro. (Jessica Gaston)
- Qualquer idiota consegue escrever código que um computador entenda. Bons programadores escrevem código que humanos compreendem.
- Software e catedrais são a mesma coisa – primeiro construímos e depois rezamos. (Sam Redwine)
Se os programadores realmente têm tanto talento e paixão, porque razão são estas piadas tão famosas?
Encontrei algumas citações num artigo Medium, que identifico com a minha experiência de aprendizagem:
- Alguém vai sempre dizer-te que estás a fazer o quer que seja da maneira errada;
- Alguém vai sempre dizer-te que não és um programador(a) a sério;
- Preocupares-te com “geek cred” vai matar-te lentamente.
Este artigo foi escrito para desafiar os estereótipos que o público têm relativamente à programação. Mitos irrelevantes que nada tem a ver com a realidade de ser um programador. Da próxima vez que alguém estiver a meio de aprender a programar mas perguntar-se a si mesmo se foi feito para aquilo, diz-lhe: experimenta diferentes maneiras de aprender, não te preocupes com alegorias sem fundamento algum ou se és ou não qualificado para o problema. Demasiadas vezes o problema é como estás a aprender ou a atitude que tens face à aprendizagem de programação. Não desistas a não ser que realmente não entendas algo mesmo após tentares entender através de diversos caminhos.
Programar não requer talento ou paixão!
Este artigo foi originalmente escrito por Tony You @howtomakeaturn e traduzido de chinês para inglês através da Wordcorp e de inglês para português pela KWAN.