Trazer Pets para Portugal: Tudo o que Precisa de Saber

Porquê trazer os pets para Portugal? O que envolve tomar essa decisão? Neste artigo, Adriana Souza e Daiane Militão relatam sua experiência de trazer os seus pets do Brasil para Portugal, neste caso, três gatos cada uma. Não é um processo fácil mas no final ambas revelam estar muito felizes!


“Tomei a decisão de trazer os meus pets, pois não tenho ninguém para os deixar cuidando deles, então só me resta levá-los comigo. Já trabalhei em outro estado e deixei eles sozinhos, e foi muito sofrimento para eles e para mim. Então hoje, aonde eu vou eles sempre irão comigo.” – Adriane Souza

Quando o meu marido Fábio recebeu a proposta da KWAN, foi muito mais do que uma proposta de emprego, com ela veio a realização de um sonho: enfim migrar para Portugal. Entretanto, no meio da euforia, surgiu a preocupação: E as gatas? Deixá-las não era uma opção, então a primeira coisa que fizemos foi buscar blogs e artigos especializados no assunto e vídeos no YouTube de imigrantes que levaram seus pets para Portugal. Após diversos relatos, chegamos a duas conclusões: o processo não será fácil, mas é possível com o planejamento necessário.” – Daiane Militão

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O Processo: Por Conta Própria ou Contratar uma Assessoria?


O processo dura em média quatro meses, então a primeira coisa é decidir como você fará o processo: por conta própria, neste caso o processo ficará bem mais barato, ou contratar uma assessoria, mais caro mas mais cómodo.


O Processo: Por Conta Própria


Para o pet embarcar para Portugal, é necessário que ele tenha o microchip, vacina de raiva, sorologia, atestado veterinário e o CVI (certificado veterinário internacional).” – Daiane Militão


1. Microchip


A primeira coisa que você precisa fazer é colocar no pet o microchip no padrão internacional, pois a data de colocação deve ser anterior à data das vacina da raiva.” – Daiane Militão

Se o seu pet já tem microchip de identificação, este passo pode ser desconsiderado, no entanto, garanta que o mesmo está a cumprir as normas internacionais: deve colocar um microchip no seu pet no padrão ISO 11784 e ISO 11785.” – Adriane Souza


2. Vacinação


O segundo passo é aplicar a vacina da Raiva importada (não são aceites vacinas nacionais brasileiras para o exame). É importante que todos os carimbos na carteirinha do seu pet estejam legíveis.” – Adriane Souza


3. Exame de Sorologia


Após 30 dias da vacinação deve fazer a coleta de sangue para sorologia antirrábica (para confirmar se o animal tem anticorpos suficientes para raiva), é importante ressaltar que o laboratório deve ser autorizado pela UE.” – Daiane Militão

Alguns exemplos de laboratórios credenciados incluem:


Devem também procurar clínicas que enviem o material para algum dos laboratórios acima.” – Adriane Souza

Após receber o laudo da sorologia antirrábica do laboratório (costuma demorar um pouco), o pet deverá ficar 90 dias em “quarentena” – ou seja, sem poder sair do país de origem.

Este período é chamado de quarentena pois é exigido pela UE para garantir que a resposta sorológica mensurada no teste de titulação seja realmente protetiva e não resultante de um processo infeccioso de raiva.” – Daiane Militão


4. Quarentena


O período de “quarentena” dura 90 dias e o prazo começa a contar a partir da data de coleta do sangue. Por exemplo: Se a coleta foi realizada no dia 20/09/2022, seu pet pode viajar após a data do dia 19/12/2022.” – Adriane Souza

“Durante a “quarentena”, aconselho providenciarem a bolsa ou caixa de transporte para o pet ir se familiarizando e acostumando a ficar lá dentro. No nosso caso, viajando com três pets, compramos uma bolsa com as medidas permitidas para a gata que iria comigo na cabine e para as outras duas que iriam no porão do avião, optamos por uma caixa de transporte adaptada para dois pets (também com as medidas permitidas), pois a ideia era deixá-las na mesma caixa de transporte durante a viagem.”  – Daiane Militão


5. Atestado Veterinário e Certificado Veterinário Internacional


Para finalizar o processo, dias antes da viagem o veterinário deverá emitir um atestado de saúde informando que o pet está apto a viajar e você deverá levar toda a documentação (certificado de microchip, carteira de vacinação, laudo da sorologia antirrábica e esse atestado de saúde emitido pelo veterinário) até à VIGIAGRO para fazer a emissão do documento mais importante de todos: o CVI (certificado veterinário internacional) que é válido apenas por 10 dias após a emissão.

Para melhor entendimento, vale ressaltar que a VIGIAGRO é um sistema brasileiro vinculado à secretaria de defesa agropecuária (SDA) do ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) que exerce funções de controle e fiscalização de âmbito federal de produtos de interesse à agropecuário nos portos, aeroportos, postos de fronteira e aduanas especiais em todo território nacional. Além disso, a VIGIAGRO tem como objetivo prevenir a introdução, a disseminação e o estabelecimento de pragas e enfermidades  que possam comprometer a saúde do animal, a sanidade vegetal e a saúde pública. Mais informações, aqui.” – Daiane Militão


6. Reserva das Passagens para o Pet


Ao comprar as passagens pelo site, sempre entre em contato com a companhia aérea e solicite a inclusão do seu pet, na sua passagem, para que ele possa ir com você na cabine. Preste atenção em conexões, pois existem companhias aéreas que não levam animais em conexão, com intervalo menor que 5 horas. Mas para resolver isso, você pode comprar conexões separadas, porque para cada conexão, você irá pagar a inclusão do seu pet na sua passagem. Para viagens nacionais o valor varia em torno de 200 a 300 reais por pet, para viagens internacionais em torno de 220 Euros por pet. Não compre passagem próximo a saídas de emergência, pois não se pode levar o pet aí.” – Adriane Souza

Além das regras de medida, peso do pet e caixa de transporte, também há um limite de animais permitidos no voo, então é necessário entrar em contato com a companhia aérea e verificar se há disponibilidade de reserva para o pet no voo pretendido. Se sim, aconselho a comprar a passagem o quanto antes e no mesmo dia ligar para a companhia aérea para fazer a reserva do pet.

Essa foi a única parte que não ficou por conta da assessoria, então para não ter erro, comprámos a minha passagem na TAP com 4 meses de antecedência da viagem e no mesmo dia da compra, entrámos em contato com a companhia aérea para fazer a reserva das gatas, basicamente a atendente pediu o peso e medida dos pets e da caixa/bolsa de transporte. Vale ressaltar que não é permitido parcelar no cartão de crédito a taxa da reserva do pet na TAP, digo isso pois considero uma informação mega importante para quem está se planejando financeiramente.” – Daiane Militão


7. Material a Adquirir para o Dia da Viagem


Ao comprar uma bolsa de transporte para dentro da cabine procure uma bolsa de transporte maleável que seja de fácil ajuste na poltrona da frente. Cada companhia aérea tem seu tamanho específico para bolsa de transporte. Eu comprei a segunda bolsa das fotos, para melhor ajuste, e não me preocupar com a altura da poltrona.” – Adriane Souza

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Comprar uma coleira de passeio para pet, caso exista a necessidade de retirar o pet da bolsa de transporte, para que ele não se assuste e fuja de você no aeroporto. Comprar também uma garrafa de água própria para pet e levar ração em um potinho. Comprar tapete higiênico de cachorro para colocar na bolsa de transporte, para evitar acidentes.” – Adriane Souza


8. Contactos Finais com Aeroporto e VIGIAGRO


Será necessário enviar um e-mail ao aeroporto de Lisboa informando a chegada do pet (é importante colocar todos os detalhes do voo e do pet).” – Daiane Militão

Terá de entrar em contato com a VIGIAGRO 3 dias antes da viagem para solicitar a liberação do pet. Desde Novembro de 2022 que o processo agora é somente online e não existe mais a necessidade de ir até o Aeroporto para levar os documentos para a viagem. Precisa-se um atestado com até no máximo 72 anos antes do embarque.” – Adriane Souza


O Processo: Contratar uma Assessoria?


Tratando do processo com uma assessoria, o mesmo fica um pouco mais caro, mas bastante mais cómodo!

“No nosso caso, como o Fábio, embarcaria para Portugal primeiro e eu ainda estava trabalhando (ou seja, viajaria sozinha), optamos por contratar a Viaja Pet, uma empresa que faz assessoria do início ao fim da viagem e que conhecemos por indicação de um colaborador da KWAN. Portanto, em nosso caso, todo esse resumo da preparação e documentação foi realizado praticamente 100% pela assessoria (inclusive todo suporte necessário para a escolha e compra da bolsa e caixa de transporte).” – Daiane Militão


A viagem

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1. Cuidados a Ter


Para além de escolher uma bolsa de transporte maleável para a cabine, coleira, pote com água e ração, deve também ter medicação. Em geral, não é permitido sedar o pet para a viagem na cabine. Você pode dar Floral para acalmar o pet e deixar ele mais tranquilo apenas.” – Adriane Souza


2. Cabine ou Porão?


Eu escolhi a cabine. Viajei com 3 gatos, lembrando que existe uma restrição para viagem na cabine, que é um pet por pessoa. Como fui com um casal de amigos que estão de férias, eles se ofereceram para levar os outros dois gato na cabine conosco. Para além disso, tenho medo que aconteça algo com meu pet, por isso não quis mandar eles no porão. Tenho 2 gatos com quase 9 anos cada e um gato com 5 anos.” – Adriane Souza


3. O Dia da Viagem


Assim que entrei no aeroporto, mais ou menos três horas antes do voo, a assessoria Viaja Pet estava à minha espera para entregar toda documentação necessária, auxiliar no check-in e também entregar um spray aromaterápico calmante, que havia encomendado com eles (a assessoria nos aconselhou a não dar nenhum tipo de sedativo para elas, apenas remédios e sprays fitoterápicos). 

Durante o check-in no guichê da TAP, foi necessário entregar toda documentação, pesar e identificar a caixa de transporte que seria despachada, o que foi super tranquilo, pois a Viaja Pet cuidou de tudo, então foi zero preocupação.

Após o check-in, fui encaminhada para a sala de raio-x, lá pediram para que eu tirasse a Mia e a Sukie de dentro da caixa de transporte (as gatas que iriam no porão), nessa hora eu contestei, pois se tratando de gatos, o risco de fugir é muito grande, ainda mais em um ambiente aberto como o Aeroporto de Guarulhos, a funcionária do raio-x acabou autorizando, portanto não precisei tirá-las da caixa de transporte (foi necessário apenas movimentar/levantar as duas de dentro da caixa mesmo). 

Tudo certo com a conferência, era hora de despachar minhas duas meninas. Apesar de ainda assustadas, aparentemente elas estavam bem, mas ainda assim, eu fiquei com o coração apertado, pois só voltaria a vê-las no aeroporto de Lisboa, ou seja, quando estivesse quase no final do processo. 

Agora era apenas eu, uma mala de 10kg e a Khaleesi na bolsa de transporte pendurada em meu ombro (a Khaleesi é a gata mais assustada das três, por isso escolhemos ela para ir na cabine comigo). 

Foram intermináveis nove horas e meia dentro do avião e uma turbulência que durou quase cinco minutos, confesso que nessa hora mais uma vez o coração ficou apertado pensando nas gatas que estavam no porão: será que elas estão muito assustadas? E se a caixa caiu durante alguma turbulência? Será que a Mia ainda está hiperventilando? 

A Khaleesi, a gata que estava comigo, me surpreendeu, pois ficou super comportada, nem miou durante o voo. Ela estava tão quietinha, que às vezes eu abria o zíper da bolsa para conferir se ela estava respirando (sim, a preocupação de levar pets é nesse nível).

Em relação aos comissários de bordo, não precisei do auxílio deles com a Khaleesi, pois como falei, ela estava tranquila. A única coisa, é que tentei levá-la ao banheiro do avião para abrir um pouco a bolsa de transporte, mas uma comissária de bordo não permitiu. 

Quando o avião aterrissou em Lisboa, fui uma das primeiras a sair, pois a grande preocupação era buscar a Mia e a Sukie, então, passei pela imigração, peguei as bagagens e fiquei esperando as duas no local indicado por um funcionário do aeroporto. 

Foram cinco minutos de pura agonia, mas na hora que a porta abriu e escutei as duas miando na caixa de transporte, foi um alívio imediato, senti vontade de chorar. Elas estavam bem e finalmente todo esse processo estava chegando no fim.

Após resgatá-las, foi necessário ir em outro local para o veterinário do aeroporto conferir os documentos e examiná-las. Lembrando que é necessário fazer o pagamento de 40€ por pet e aceitam apenas cartão de débito (eu levei dinheiro em espécie e não aceitaram, então tive que ir até o desembarque pegar o cartão do Fábio e voltar para a sala do veterinário para fazer o pagamento). 

O processo finalmente tinha acabado e estavam todas bem! Na saída do aeroporto pedimos uma van no aplicativo de transporte e quando chegamos em casa, soltamos as três, que aos poucos começaram a explorar o apartamento, e agora três semanas depois, já posso dizer que estão quase 100% adaptadas ao novo lar.” – Daiane Militão


Resumo de Custos


Os exames iniciais ficaram por 600,00 reais (com chip para 1 pet e vacinas para 3 pets). O exame de serologia da raiva ficou por 920,00 reais por pet. A bola de transporte (R$ 260,00 por pet), a coleira (R$20,00 por pet), a passagem dentro do Brasil (R$250,00 por pet), a passagem para Lisboa (R$220,00 por pet) e o exame feito em Lisboa (€40 por pet) somaram um total de mais de 2250 reais.” – Adriane Souza

“No total, custou R$ 8850,00 para levar três gatos do Brasil para Lisboa. Lembrando que para cada cidade os valores podem variar de acordo com a sua localidade. Esta foi a minha realidade de Curitiba para Lisboa.” – Adriane Souza


Trazer Pets para Portugal: Tudo o que Precisa de Saber – Considerações Finais


Muito importante, não perder nenhum prazo e sempre prestar a atenção em relação a passagem e conexões, se necessário. Meu gatos são tudo para mim, sempre tive pet e acho que não sei ficar sem eles ao meu lado. Tenho um dos meus gatos que está comigo desde os 35 dias de vida e hoje tem quase 9 anos. Sofri muito, quando trabalhei por 90 dias em outra cidade, sem estar com eles. E hoje, não quero mais passar por isso novamente. Por isso, foi muito importante fazer isso e levar eles comigo.” – Adriane Souza

Concluindo o artigo, sim o processo é mega estressante e dependendo da quantidade de pets que você tem é necessário se organizar financeiramente, mas vale a pena! Elas fazem parte da nossa família e vê-las correndo pela casa e participando dessa nova etapa, nos dá a certeza que passar por tudo isso foi a escolha certa!” – Daiane Militão

Ficou com alguma dúvida sobre o processo? Coloque suas perguntas na zona dos comentários, a Adriane e a Daiane terão todo o gosto em te ajudar!