Como Aprender a Programar sem Tirar um Curso Superior

Tem 19 anos de idade e juntou-se à KWAN aos 18. Não frequentou a universidade… mas garante que também não é sobredotado. O PHP developer e KWANer Hugo Rosa explica-te como podes também tu tornar-te num programador sem tirar um curso superior!

Pelo título parece que estou quase a dizer: como voar sem tirar os pés do chão. Ou seja, parece um feito impossível.

Mas a sério, não só é possível, como é mais acessível do que parece.

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Ser programador aos 19 anos não é fácil, porém também não é impossível. Diria que o que importa não é a idade e sim a dedicação e esforço. Juntei-me à KWAN com 18 anos e, ao contrário da maioria dos meus colegas, não participei em nenhum bootcamp nem fiz nenhum curso universitário. Ainda.

Dito isto, gostaria de partilhar algumas estratégias de aprendizagem para quem ambiciona aprender a programar sem tirar um curso superior:

1. Ser autodidata

Não é fácil e não é para todos, porém, considero que ser autodidata é a melhor qualidade que um ser humano pode ter, pois consegue sempre chegar à informação que procura! 

Como? Pesquisando em tudo o que é sítio e de todas as maneiras possíveis.

De facto, foi através da capacidade de aprender sozinho que eu consegui aprender programação muito antes de tirar a minha formação profissional – e acredita que isso ajudou muito a chegar onde estou hoje.

E é tão fácil obter informação nos dias que correm!

No Youtube, por exemplo, encontras todo o tipo de vídeos, desde aulas mais divertidas e descontraídas, a outras mais sérias e complexas. Tens até os famosos “crash courses” que eu recomendo imenso, porém são aulas muito longas entre 3 a 7 horas de conteúdo. Um dos criadores de conteúdo que eu recomendo é o Dani Krossing e deixo aqui um exemplo. Quanto aos “crash courses”, recomendo o canal Traversy Media, que faz imensos videos desse estilo.

Também existem outras plataformas como a Udemy e a Codeacademy – que eu pessoalmente não adoro porque estás a pagar por um conteúdo que encontras gratuitamente no Youtube. Por outro lado, pagando pelo curso tens mais suporte do professor.

Por fim, é importantíssimo escrever.

Não penses que aprender a programar é apenas ver vídeos e esperar que o Dobby apareça no teu quarto para fazer o código por ti (piada demasiado geek? Desculpa…).

É fundamental colocar em prática tudo aquilo que aprenderes.

Fazer projetos é uma das melhores partes de ser programador e quando tiveres o poder da programação nas mãos, irás perceber que podes criar qualquer ferramenta adequada às tuas necessidades.

Eu, por exemplo, para construir um orçamento, não vou ao excel como os muggles fazem, em vez disso, faço um website que além de ser visualmente mais elegante que uma folha de cálculo, ainda faz cálculos complexos e com todas as condições e “se não” que eu quiser.

Ora aqui está:

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2. Curso profissional de programação (para os mais novos)

Sim, tirar um curso profissional não é para todos, visto que os mesmos têm restrições de idade, porém, foi por aqui que comecei a minha formação ao nível da programação.

Eis um conselho que se aplica a qualquer área de formação: adquire as bases antes de iniciares o curso. Foi justamente isso que eu fiz, já sabia por alto os conteúdos do curso profissional antes de o iniciar e isso ajudou-me imenso!

O curso profissional que tirei chama-se “Técnico de Gestão e Programação de Sistemas Informáticos” e na altura incluiu disciplinas tais como “Sistemas Operativos”, “Arquitetura de Computadores”, “Redes de Comunicação”, “Programação e Sistemas de Informação”, entre outras. 

Existem outros cursos profissionais na área das tecnologias, tais como “Técnico de Informática de Gestão”, “Técnico Programador de Informática” e o “Técnico de Gestão de Equipamentos Informáticos” mas que na minha opinião não preparam tão bem os alunos, especialmente se o objetivo mais tarde for tirar um curso superior ou uma especialização.

Mas a verdade é que, em Portugal, cursos profissionais ainda são muito mal vistos ou então nem vistos são.

E sim, há quem use e abuse do sistema de avaliação do ensino profissional para conseguir passar pelo módulo (indo a exame no fim do ano, por exemplo, não se focando minimamente durante o resto do tempo), porém só quem se esforça realmente é recompensado e isso vê-se pelas notas.

Destaco ainda os estágios no final do curso em empresas, desde startups a multinacionais. Desenvolvi diversos projetos ao longo do curso, como por exemplo o “Let Me Farm”, que pretende facilitar os agricultores no exercício da sua profissão, tornando menos frequente a ida a cada plantação através da obtenção de dados ao vivo do estado de cada ambiente e ainda de cada animal, caso possuam.

O grande desafio de quem tira um curso profissional é chamar a atenção dos recrutadores quando estes, por regra, só abordam profissionais com um curso superior.

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E aqui, a grande dica, é construíres-te dentro do curso. Construíres um currículo que mostre o quanto és capaz de fazer. Fazer projetos não é para qualquer um, principalmente quando envolvem tecnologias avançadas e tu consegues aplicar o conhecimento necessário para o desenvolver. 

Acredita, com curso superior ou não, se fores capaz de mostrar isto a um recrutador, ele não vai ficar indiferente!

3. Bootcamp de programação

Tens 7000€ para investir? Então esta opção é para ti.

Conheço diversas pessoas que realizaram bootcamps e sei que existem várias opções, nomeadamente a famosa  “Academia de Código”. Para quem está no Brasil, a nível da tecnologia React e Javascript, existe a “Rocketseat”.

Quais as vantagens de um bootcamp?

Quando aprendes de forma autodidata, provavelmente vais cometer erros sem te aperceber. Já num bootcamp isso não acontece, as falhas que poderás vir a cometer vão ser assinaladas pelo professor, corrigidas e evitadas da próxima vez. O que faz com que a tua curva de aprendizagem seja mais rápida e que deixes de estar num limbo completo quando surge uma questão.

E agora a melhor parte: quando terminares o bootcamp vais ter recrutadores a interessar-se por ti!

Lembra-te de tirar o som do telemóvel à noite porque não vais conseguir voltar a dormir descansado se não o fizeres. ????

Através de um bootcamp, o teu caminho começa num mar de potenciais programadores, que querem sair do curso com conhecimentos de programação… e termina com uma saída para o mercado de trabalho bem facilitada! 

Definitivamente é uma boa opção, para quem pode pagar.

4. Jogar, imenso

Esta é para vocês, gamers, que pouco mais fazem do que comer batatas fritas apoiando o pacote na barriga enquanto dão uns tiros nos bonecos (não me identifico minimamente ????).

E agora tu perguntas:

O que é que jogar tem a ver com programar?

Na maioria dos jogos existem servidores comunitários, ou caso contrário, existem mods e plugins que podemos adicionar aos jogos. Sim, modificações externas ao jogo… e feitas por quem? 

Exatamente, programadores. ????

Haverá forma mais estimulante de aprender a programar que não seja através do teu jogo favorito?

Existem várias habilidades que poderás adquirir, tal como conhecimentos em design e cálculos tridimensionais necessários para construir os personagens e manipulá-los pelo jogo. Vais também poder aprimorar conhecimentos em otimizações e aprenderás até algumas técnicas (como não formar polígonos em faces escondidas ao utilizador, por exemplo), entre outras coisas.

Desenvolver modificações para um jogo e aprender tudo o que é necessário para as fazer é um progresso que exige dedicação, porém, a ideia de poderes jogá-lo com os teus amigos (ou com o teu pacote de batatas fritas) sabendo que contribuíste para ele… não é um desafio aliciante?

Se a tua resposta é não, então vou dar-te um incentivo extra.

Em alguns jogos, como por exemplo o Minecraft, existe um mercado gigante de programadores, designers e construtores. Neste jogo muito pouco conhecido, construir mapas é uma profissão para os que são bons, tal como programar.

Vais conseguir aprender Java/Kotlin/etc com facilidade caso o teu objetivo seja modificar o jogo, pois é através destas linguagens que vais conseguir construir essas modificações.

E agora vem a parte divertida: caso te destaques ainda poderás vir a  trabalhar como Game Developer para a empresa do teu jogo favorito! ????

Não é fantástico? Acredita, porque já aconteceu! 

O criador do mod “Aether”, para o jogo referido anteriormente, passou a trabalhar na empresa que desenvolveu o jogo para o qual ele fez modificações e neste momento está a ganhar um salário bem interessante para quem só programava mods por hobby… pois estes, na sua grande maioria são gratuitos para a comunidade.

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Além do Minecraft existem diversos outros jogos. Diria que qualquer jogo multiplayer que te permite modificar o servidor tem o seu interesse de aprendizagem. No entanto, existem jogos que foram mesmo feitos para isso, tais como o “Code.org”, o “RoboMind” ou até mesmo o “CodeCombat”. Ah, e claro, para exercícios e testes tens também o “Cyber Dojo”, o “Elevator Saga” e o “Code Wars”.

5. Aprender lógica e não apenas sintaxe

Não caias na tentação de ser coder. Se o teu objetivo é aprender a programar a sério, isso vai totalmente contra o teu objetivo.

Mas o que é um coder? Simples, é alguém que apenas sabe escrever código.

Um exemplo de como evitar ser um simples coder é aprender mais sobre lógica além da sintaxe. Não adianta saberes fazer algo simples se depois, quando te pedem algo complexo que exige alguma lógica, não conseguires nem pensar no seu início.

Até podes saber o significado das palavras noutra língua, mas se não sabes as regras para estruturar uma frase, de que te adianta?

O programador é quem desenvolve, projeta e inventa uma solução utilizando lógica estruturada em conjunto com uma linguagem de programação já existente, sendo experiente nela.

E não caias no mito: para ser um programador não precisas de saber 100% da linguagem a todo o momento. Pergunta a qualquer senior se de vez em quando não tem de ir rever a documentação da linguagem. 

Se não for o caso, estás perante um génio, por isso, pede-lhe aulas!

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Além de teres conhecimento em ferramentas básicas é importante teres um conhecimento base em ferramentas mais avançadas. Desta forma, para cada projeto vais ter mais facilidade em adaptar-te aos diferentes cenários.

Mas ninguém está à espera que saibas tudo sobre tudo, ok? ????

Na verdade, quando finalmente conseguires a tua primeira oportunidade profissional como programador logo vais perceber… que nada sabes.

Lembras-te quando estudavas imenso para um teste e depois o professor não colocava na prova nada do que estudaste? É assim o sentimento quando começas a trabalhar como programador.

Mas não te preocupes! Alguns meses passados e  já te vais sentir na praia a beber um sumo de fruta com uma palhinha ecológica. ????

Pelo menos até que chegue o próximo desafio!

Como Aprender a Programar sem Tirar um Curso Superior: Considerações Finais

Ser programador não é para todos, tal como ser médico também não. Mas de facto, ser programador sem tirar um curso superior é bastante possível (já médico, não aconselho!).

Infelizmente, em Portugal, a maioria das empresas tem mais em consideração a certificação do que a inteligência e conhecimento das pessoas. O curso superior não só te ajuda a adquirir o conhecimento de que necessitas, como ainda te garante a certificação desse conhecimento. 

E no entanto, eu conheço diversos programadores sem curso superior que são incríveis no seu trabalho.

Por isso, sim é possível tornares-te programador sem tirar um curso superior, mas prepara-te para ouvir vários nãos ao longo dos processos de recrutamento em que participares. Passei por isso e sei o quão frustrante é.

Felizmente na KWAN não há esse tipo de preconceito e por isso aqui estou eu!

Se te encontras na situação em que eu estava antes de me juntar à KWAN, eis a tua oportunidade de te juntar a esta empresa fantástica, preenche o formulário e dá-te a conhecer. ????

E agora uma dica para as empresas.

Se existe falta de programadores no mercado, que tal começar a contratar juniores, que têm a agilidade e a facilidade em aprender qualquer coisa, e ajudá-los a evoluir para seniores?

Ou mesmo, quem sabe, começar a contratar programadores independentemente da forma como aprenderam a programar, se através de um curso profissional, superior, bootcamp ou de forma totalmente autodidata? 

E com isto me despeço!

Ficou alguma dúvida? Aproveitem os comentários, poderei esclarecer qualquer coisa. Todo o tipo de perguntas são bem-vindas, sintam-se em casa meus companheiros! ????