Entrevista a André Valente

Por muito que falemos sobre experiência e cultura, não há nada como ouvir as pessoas que trabalham connosco. Por isso, queremos partilhar essas mesmas experiências no nosso blog! Hoje temos connosco o André, developer na WeDo em regime staffing.

Olá André! Quem és e o que fazes?

O meu nome é André Valente, tenho 28 anos. Nasci em Beja, mesmo pela hora do calor. Lembro-me perfeitamente de estar dentro da barriga da minha mãe e dizer “%&#$.. que esturra, vou apanhar ar” e é assim que um alentejano decide nascer.

Desde pequeno fui sempre independente e decidi com 1 ano de idade levar os meus pais para viver e trabalhar em Varese (Itália), acabei por voltar para estudar na Universidade de Aveiro, onde finalizei o curso: Mestrado Integrado em Engenharia Electrónica e Telecomunicações, foram anos obscuros de biblioteca em biblioteca onde a “sede de conhecimento” apenas era colmatada por longas horas de… Bom, vocês sabem.

Em Varese, estudei numa escola internacional onde tive a oportunidade de conhecer várias culturas europeias, expandindo os meus horizontes e deixando assim amigos em cada canto do mundo. Até aos 16 anos, fui aquele rapaz que existe em todas as turmas — aposto que vocês também tiveram um na vossa — aquele colega que tinha um metro de altura e era irrequieto e chato com’ó alho, mal comportado, que todas as semanas tinha uma visita garantida ao gabinete disciplinar da escola. #EU

Sempre gostei de praticar desporto, chegando mesmo a jogar nos sub-19 da equipa de Rugby de Varese, ideia que abandonei ao fim de uns anos, conjuntamente com quatro dentes. Já em Aveiro mudei para o ginásio, onde ainda não parti nenhum dente, mas ganhei mãos de pedreiro. Estou a morar em Lisboa há uns meses. Confesso que sempre excluí morar na capital e tenho de admitir que tirando a indiferença entre seres humanos, até estou a gostar.

Onde já trabalhaste?

A nível empresarial, a KWAN é a minha segunda casa, tendo passado pela PT Inovação e Sistemas de Aveiro. Na PT SI, trabalhei no ramo tecnológico da fibra óptica, portanto GPON e FTTx. Trabalhei sempre em equipa fazendo design da rede e deliver da solução ao cliente, podendo assim conhecer, ao pormenor, a rede existente no nosso país.

Mas estes não foram, nem de perto nem de longe, os meus primeiros empregos. Passei muitos verões a trabalhar, executando tarefas rústicas disponíveis nas melhores empresas do sul do país. Por exemplo, apanhar melão, meloa, melancia; ou limpar currais de ovelhas, onde usando um carrinho de mão extraía diariamente… cenas. Trabalhei como servente de pedreiro e ainda como tratorista numa lavra. Tudo isto antes de fazer 20 anos. Deste modo percebi bem os trabalhos que não queria para o meu futuro.

Qual o projecto em que mais gostaste de trabalhar? Porquê?

Posso começar por dizer que o projeto que menos gostei foi aquele do carrinho de mão, mas aconselho a qualquer um, uma autêntica “life changing experience”.

O projecto no qual me envolvi mais foi aqui em Lisboa, na WeDo. Um mundo completamente novo que me permitiu conjugar a minha capacidade técnica com o italiano. Estive (e estou) envolvido em projectos internacionais que sempre foram um objectivo a cumprir.

Sinto que tenho ainda muito para dar e especialmente muito para aprender, considero a KWAN uma Empresa com “E” grande e é nela que quero crescer. Tenho muita estima pelo nosso Staff e enorme confiança na minha ambassador, Ana Tavares, o que cria uma base sólida para praticar a minha profissão.

Qual a pior/melhor experiência que já tiveste no mercado de trabalho?

Recentemente fui trabalhar para um cliente internacional e, como já se sabe, temos de ir apresentáveis e todos arranjadinhos. A certo momento, tive de ir à casa de banho. Sempre muito educado, pedi licença e rapidamente me desloquei rumo ao primeiro WC. Ao entrar, todas as portas estavam fechadas – todas menos uma. Eu cá para mim pensei, “já está”. Entrei na cabine e, para espanto meu, a porta não fechava. Logo muito intrigado, tentei perceber o porquê e reparei que a porta não fechava porque arranhava no chão. Pensei “dou-lhe um toque para cima e empurro que isto fecha!”. Não me perguntem que toque lhe dei, que num segundo arranquei a porta e parti-lhe os pernos de apoio das dobradiças…

E ali estava eu, engravatado numa empresa internacional, cheio de vontade de ir à casa de banho, com a porta de um WC nas mãos.

Onde estás a trabalhar agora?

Faço parte do da equipa de staffing da KWAN, alocado a um projecto na WeDo Technologies, em Picoas. Aqui trabalhamos com carrinhos de mãos, baldes de cimento e pás… Mentira, trabalhamos com RAID, SQL e XML. Os projectos são fantásticos e permitem aos developers dar asas à imaginação e implementar soluções de Business Intelligence magníficas. Aqui somos todos bons e fixes.

Quais os obstáculos que enfrentaste até agora?

Moro sozinho desde que tenho 18 anos com a família a mais de 2000 km de distância, mas nestes anos todos nada foi mais complicado para mim do que passar camisas a ferro. Tirando isso, sempre fui impulsivo e se achar que algo é construtivo, digo-o, seja negativo ou positivo. No mundo do trabalho em Portugal, ser franco e directo, a meu ver, representa um obstáculo profissional, estou a aprender a domar-me.

Do ponto de vista técnico, trabalho de maneira a que todos os dias encontre uma dificuldade nova. Gosto de me sentir desafiado constantemente.

Se me encontro numa sala onde sei responder a todas as perguntas, é porque não estou na sala certa.

Como é a vida na WeDo?

A WeDo é um antro de aprendizagem constante. Os colegas são porreiros e a massa trabalhadora é jovem. Eu aqui sinto-me valorizado, ou seja, quando tenho uma ideia esta não é descartada directamente, apenas porque estou aqui há pouco. O que acaba por motivar o trabalhador, aqui são-me atribuídas responsabilidades às quais tenho de corresponder, mas que o faço com gosto porque acabo por me sentir envolvido.

Do meu ponto de vista, os projectos internacionais e a possibilidade de expandir os horizontes são os pontos fortes desta empresa.

Quais as semelhanças entre o exercício físico e a programação?

Directamente acho que uma coisa não tem muito a ver com a outra. Quando programo penso, projecto e testo. Quando treino, sinto e desabafo. Trabalho com frieza, treino com emoção.

De qualquer forma, se existisse algo que liga estes dois mundos, seria a vontade e a perseverança de atingir um fim. A força de vontade com que treino é a força de vontade com que procuro aquele ponto e vírgula em falta.

O ginásio neste momento é o meu “escape” social. É a minha fonte de motivação diária, é a minha igreja… O ferro é fiel, não mente, não engana.

Programar está relacionado com o meu trabalho e portanto consigo retirar gratificação e satisfação própria, conjuntamente com o sentido de dever cumprido para com a sociedade.

A verdadeira motivação vem da realização, do desenvolvimento pessoal, da satisfação no trabalho e do reconhecimento.

Nem mais! Muito obrigado André!