Já todos ouvimos falar do “burnout”, um termo amplamente utilizado para descrever o estado de exaustão mental, emocional e física que ocorre como resultado de períodos recorrentes de stress no trabalho. Outro fenómeno menos conhecido e pouco estudado, o “burn-on”,  está a ganhar uma expressão cada vez maior, perceba neste artigo o que é e como evitá-lo.

O Que é o Burn-on?

O que é exatamente o burn-on, e em que difere em relação ao burnout? O termo “burn-on” é uma expressão usada para descrever a fase preliminar que leva ao estado de burnout. Burn-on pode levar a sentimentos de stress constante, fadiga e depressão associados à carga de trabalho. No entanto, enquanto aqueles que sofrem de burnout acabam por se “esgotar” ao ponto de não terem mais energia, aqueles com burn-on continuam a trabalhar em excesso, forçando-se a corresponder às expectativas. Ao contrário do burnout, o burn-on é visto como uma pressão mental e física de longo prazo, como resultado de ser sobrecarregado com longas horas de trabalho, sacrificando o sono e a vida social e dando tudo pela carreira. Em vez de tirarem folgas porque atingiram o limite, como alguém com burnout, quem sofre de burn-on continua a trabalhar em excesso, e consequentemente a manter níveis de stress altos. 

A expressão “burn-on” foi batizada pelo professor Bert te Wildt, médico, cientista e autor. Como professor de psiquiatria, medicina psicossomática e psicoterapia, é afiliado à Ruhr-University Bochum e à universidade técnica de Munique, Alemanha. Na sua recente palestra TEDx (que pode assistir aqui), ele explica em pormenor o conceito de burn-on.

Como Poderá Afetar a Indústria Tecnológica?

O burn-on pode afetar o progresso e o sucesso da sua empresa de várias formas. Se os seus colaboradores trabalham demais, quer seja a programar em horário extra-laboral, ou a corrigir bugs fim de semana sim, fim se semana não, corre o risco de que a sua produtividade geral diminua. Trabalhar em excesso aumenta os níveis de stress, o que pode ter consequências físicas graves, como tensão arterial elevada ou mesmo ataques cardíacos. Se for ignorado, o burn-on levará inevitavelmente ao esgotamento e à depressão grave associada à exaustão. O burn-on não é sustentável e, portanto, deve ser evitado a todo o custo, de forma a garantir que a sua equipa técnica trabalhe da melhor forma possível, num equilíbrio saudável e agradável entre vida profissional e pessoal.

Sinais de Burn-on na Sua Equipa Técnica

Detetar o burn-on antes que evolua para burnout pode ser difícil, sobretudo se os colaboradores forem resilientes à fadiga e ao stress, e pouco comunicativos sobre o que estão a sentir. No entanto, eventualmente irão atingir um estado de exaustão que será impossível de ignorar. É importante que detete o burn-on antes que chegue a esse ponto! Desta forma, poderá ser capaz de analisar os problemas dos seus colaboradores, falar com eles e procurar uma alternativa ou forma de trabalho mais adequada a cada caso.

1. Menor Produtividade ou Participação dos Colaboradores

Se um colaborador parece estar a mostrar sinais de redução na produtividade, seja a falhar prazos, a submeter trabalho que não corresponde à sua qualidade habitual, ou a contribuir pouco em reuniões, poderá ser um sinal de que está a sentir-se sobrecarregado com o trabalho, ou talvez os seus níveis de stress tenham aumentado nas últimas semanas. Poderá estar num estado de burn-on, e esta é a melhor altura para se reunir com ele de forma a garantir que a sua carga de trabalho é revista e que os seus prazos e objetivos são realistas. 

2. Falta de Concentração ou Criatividade

Talvez perceba que um colaborador está desatento na realização das suas tarefas. Talvez um colaborador que geralmente é bastante comunicativo, sempre cheio de ideias e a tomar a iniciativa, de repente, pareça a pessoa mais silenciosa da sala. Este pode ser outro sinal revelador de burn-on.

3. Falta de Entusiasmo e Moral no Local de Trabalho

Se vê que um colaborador deixou de ter interesse nos eventos sociais da empresa, ou que ele não tem sido tão social com os seus colegas como habitualmente, talvez essa falta de entusiasmo na sua vida social possa ser um sintoma de burn-on. 

Em vez de esperar até que seja tarde demais, leia as cinco dicas que preparamos para si, que tem a seu cargo uma equipa técnica, para que consiga evitar que os seus colaboradores sofram do síndrome de burn-on.

Como Evitar Que a Minha Equipa Sofra de Burn-on?

1. Defina Limites

Estabeleça limites claros entre o trabalho e a vida pessoal, definindo horários de trabalho específicos para cada colaborador, e certifique-se de que são cumpridos, de forma a evitar que tenham de verificar e-mails ou trabalhar fora do seu horário. Isto permite que preencham o seu tempo livre com atividades que contribuem de forma positiva para a sua saúde mental, como o exercício físico regular e ter tempo para preparar refeições saudáveis. Da mesma forma, garanta que os colaboradores tenham tempo suficiente para poderem socializar com os seus amigos e passar tempo de qualidade com a família. Desta forma, contribuirá para a melhoria dos níveis de energia e de resiliência ao stress. Sugerimos que incentive uma pausa completa para o almoço, deixando espaço para que os colaboradores consigam arejar as ideias, quiça fazendo uma pequena caminhada.

2. Boa Comunicação

Garantir que a sua equipa técnica tem um método de comunicação bem estabelecido é uma forma de evitar a exaustão dos seus colaboradores. Se todos na equipa souberem quais são as tarefas prioritárias e quando devem ser concluídas, reduzirá automaticamente o stress geral ou a possibilidade de excesso de trabalho. Há muitas maneiras de fazer isto, sejam check-ins semanais, listas de tarefas e calendários partilhadas, ou plataformas especialmente concebidas para o ajudar e à sua equipa a gerenciar tarefas, como Monday ou Asana (neste artigo encontra uma lista com mais exemplos), para que todos se consigam organizar. Como muitas equipas técnicas contam com colaboradores em várias localizações, manter uma comunicação eficaz pode tornar-se num desafio. Se a sua equipa trabalha de forma remota, o nosso artigo sobre trabalho assíncrono pode ser-lhe muito útil!

3. Fazer Pausas

A importância de fazer uma pausa no trabalho não precisa de ser explicada (mas já o fizemos neste artigo!). Os benefícios são imensos e já foram comprovados repetidamente. Seja dividir o dia de trabalho com pausas curtas e regulares, desligar depois do trabalho – distanciando-se de dispositivos associados – para se “recarregar” e se envolver em atividades não laborais e, claro, tirar aquelas merecidas férias para viajar e se desconectar completamente, fazer pausas é essencial para a sustentabilidade a longo prazo de uma equipa técnica bem-sucedida.

4. Ofereça Apoio

É fundamental que os seus colaboradores estejam cientes de que podem falar abertamente sobre o que sentem e com quem o deve fazer. Um problema comum num setor frenético como o da tecnologia é o facto do burnout ser visto como uma medalha de honra, uma prova da dedicação de um colaborador ao seu trabalho. Em muitos ambientes de trabalho, é até visto como positivo estar constantemente à beira do esgotamento. O trabalho remoto, com todas as suas vantagens, levou igualmente a que se esbatessem as fronteiras estabelecidas que tínhamos em torno do trabalho. A distinção pouco clara entre horas de trabalho e tempo livre, na indústria tecnológica, pode também desempenhar um papel no risco de burnout dos trabalhadores. Por isso, é vital que os seus colaboradores, a trabalhar de forma remota ou não, saibam a quem recorrer quando estão preocupados com a carga de trabalho ou se sentem exaustos. Ter a consciência de que há sempre alguém com quem falar num contexto profissional, pode ter um impacto significativo nos colaboradores que procuram expressar o que sentem. 

5. Seja Flexível e Compreensivo

Enquanto CTO, manager de uma equipa técnica ou fundador de uma startup, é fácil deixar-se levar pelo sucesso do seu negócio, à custa de um esforço extra dos seus colaboradores e da sua satisfação no trabalho. Mas, é essencial que seja flexível e empático. No final de contas, antes de sermos profissionais, somos todos humanos, com vida pessoal e imprevistos com os quais temos que lidar. Ser paciente com os trabalhadores e mostrar-lhes que está disponível para eles é o primeiro passo para evitar situações de burn-on e burnout. Sugerimos que dê o exemplo, certificando-se de que tira tempo para si fora do escritório e que tem tempo livre suficiente para a sua vida pessoal. Se os seus colaboradores virem que está a dar prioridade a um equilíbrio saudável entre a vida profissional e pessoal, é mais provável que sigam os seus passos. Manter um ambiente de trabalho positivo contribuirá para aumentar a motivação e reduzir o stress, e consequentemente, contribuirá para aumentar a produtividade dos trabalhadores.

Burn-on: Como Prevenir Que Ocorra na Sua Equipa Técnica – Considerações Finais

O burn-on acumula-se ao longo de semanas e meses antes de atingir um estado de burnout. Então, se acha que um dos seus colaboradores pode estar a levar a sua carreira ao limite, ajude-o a perceber que é importante recuperar o equilíbrio na sua vida profissional – porque é impossível viver no limite a longo prazo.

Se procura expandir a sua equipa técnica através de outsourcing,  a KWAN está aqui para o ajudar. Para além da nossa experiência em adequar os melhores profissionais de tecnologia às necessidades do seu projeto, somos também uma empresa que valoriza as pessoas, o que significa que trabalhamos para garantir que os nossos consultores estejam motivados, realizados e a pôr em primeiro lugar a sua saúde mental.